Análise do Caso do Músico Agredido em Aeroporto na Espanha e Como Futuros Intercambistas do Brasil Podem Evitar Problemas em Seus Intercâmbios no Exterior
(veja a história completa em Segurança no Intercâmbio – Brasileiro Agredido na Espanha)
Intercâmbio na Espanha
Músico Brasileiro no aeroporto de Madrid, Espanha, retornando ao Brasil perde documentos na revista, reclama, se exalta, é agredido levando soco de policial e perdendo dois dentes.
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Mas o que será que realmente ocorreu? E, principalmente, como se prevenir para evitar que imprevistos ocorram no exterior?
Veja baixo algumas considerações das declarações juntamente com alguns comentários sobre o comportamento de Brasileiros no Exterior e dicas super-úteis de como se preparar e comportar no exterior.
Ponto #1
Declaração da esposa do músico: “O Guinga foi muito humilhado e agredido. Como é que tratam um cidadão brasileiro, dentista respeitado e músico consagrado desta forma?”
Comentário: Brasileiro, por sua nacionalidade, Não vai ter tratamento especial no exterior. Dentista, por sua profissão elitizada (no Brasil), também Não vai ter tratamento especial em nenhum lugar do mundo. Músico consagrado, por sua fama, também Não vai ter tratamento preferencial em nenhum país do planeta. Seja em Madrid, na Espanha, na Europa, ou em qualquer lugar do universo, todos os viajantes são considerados de mesmo nível e todos terão de respeitar a lei e as autoridades daquele local e país.
Ponto #2
Declaração da esposa do músico: “Ele estava desesperado e ninguém ajudava” e “ao insistir, com desespero e insistência”.
Comentário 1: Viajantes nunca devem esperar simpatia no exterior, cada um tem de saber tomar conta de si próprio sem depender de nínguém. Parece cruel mas é a realidade. Com milhares de pessoas indo e vindo nos aeroportos internacionais, sempre em grande correria, é extremamente improvável obter ajuda. Se o viajante realmente necessitar auxílio este deve se dirigir à polícia ou ao Consulado de seu país mas, mesmo assim, não se deve esperar qualquer ajuda excepcional, muito menos além da obrigação deles.
Comentário 2: Insistir quando você tem razão não é qualquer problema. Mas insistir, ainda mais com desespero e persistência extrema, é completamente passar dos limites, mesmo estando dentro de seus direitos, e simplesmente inadmissível se não estiver.
Ponto #3
Declaração da esposa do músico: “Não tinha dinheiro para nada, estava sem comer e bebendo água da pia do banheiro” e “não tinha como ligar para o Brasil para pedir ajuda”.
Comentário 1: Todo viajante deve ter extremo cuidado com seus pertences – especialmente dinheiro e documentos – e nunca colocar tudo junto numa mesma mala ou bolsa ou carteira, ou mesmo casaco. Dinheiro e documentos, incluindo passagem e cartão de embarque, e especialmente os dados e telefone toll-free de seu seguro viagens o qual cobre eventuais contratempos no exterior, devem estar sempre em sua posse, junto ao seu corpo, de preferência em uma pochete interna dentro da calça.
Comentário 2: Ligar para o Brasil é simplesmente inócuo, nada iria ser conseguido mesmo se tivesse ligado para o Presidente da República. As autoridades de imigração são independentes e estão em um outro país soberano. Nenhuma pessoa no Brasil iria conseguir reverter a situação, e o máximo que o viajante em dificuldades poderia conseguir seria, por exemplo, solicitar a um conhecido que fizesse reserva num hotel próximo, que enviasse algum dinheiro por Western Union (que demora alguns dias) ou que efetivasse online a reserva de outra passagem aérea de retorno ao Brasil.
Comentário 3: É muito estranho a esposa do músico dizer que ele ficou sem comer e teve de beber água da pia do banheiro. Será que nem mesmo ela — que estava com ele — tinha dinheiro para comprar água e comida?
Ponto #4
Declaração da esposa do músico: “Disseram que se Guinga não conseguia embarcar não era responsabilidade deles.”
Comentário: E realmente não é. A “polícia” da revista do aeroporto é apenas para fazer a revista dos passageiros e não é a mesma polícia que conhecemos nas ruas. A polícia do aeroporto é a Polícia Aeroportuária ou a Polícia de Imigração, apenas isso. Problemas com documentos ou a falta deles Não é de responsabilidade da “polícia” da revista no aeroporto nem mesmo ds Oficiais de Imigração. Se o problema era não conseguir embarcar, isto deveria ser tratado junto à companhia aérea — que após checagem certamente emitiria outra passagem — e a verdadeira polícia — que averiguaria o caso criminalmente, tanto quanto ao furto quanto à agressão física.
Ponto #5
Declaração da irmã do músico: “Ele está muito traumatizado com toda a humilhação que sofreu e não queria que ninguém soubesse do que aconteceu. Eu é que fiquei muito indignada e saí distribuindo carta aos jornalistas que conhecia. Mas não enviamos nenhum comunicado ao consulado”.
Comentário 1: Por que o músico não gostaria que ninguém soubesse? Se ele realmente estava em sua razão não haveria motivo nenhum para isso. No Brasil acontece coisa muito pior, como sequestros, e ninguém se sente humilhado por isso. Se ele realmente estava em sua razão, deveria ter registrado queixa formal na polícia e contatado o consulado do Brasil na Espanha imediatamente.
Comentário 2: Enviar carta ao consulado estrangeiro é como dar soco em fumaça, nada acontece. Somente em casos quando a imprensa se envolve, como aqui e durante aquela época que várias dezenas de Brasileiros foram deportados da Espanha seguidamente em poucos dias, não espere quaisquer resultados práticos. E, mesmo assim, o máximo que geralmente acontece é ver sua foto e declarações publicados na imprensa, nada mais.
Ponto #6
Relato do Conselho Consular do Rio: “Não é incomum Brasileiros no exterior relatarem maus tratos sofridos por eles. Normalmente, os brasileiros reclamam de constrangimentos, de terem sido isolados numa sala e embarcados de volta ao Brasil sem ter saído do aeroporto.”
Comentário: Ser isolado numa sala e ser deportado de volta a seu país ocorre com cidadãos de Todas as nacionalidades, não apenas Brasileiros. Basta não ter a documentação completa, não portar dinheiro suficiente, não apresentar motivos condizentes, e principalmente não exibir um comportamente adequado que Qualquer um pode se sentir “constrangido” por “ficar isolado numa sala” e “ser embarcado de volta ao eu país sem ter saído do aeroporto”. Isso pode ocorrer com qualquer pessoa, de qualquer nacionalidade, em qualquer época, em qualquer país, e principalmente por qualquer motivo que o Oficial de Imigração suspeite que exista.
Ponto #7
Declaração da irmã do músico: “Ele ainda vai decidir se quer ou não levar o caso adiante. Como vive viajando a trabalho para a Europa, ele teme algum tipo de retaliação.
Comentário 1: Se o músico estava mesmo em sua razão então ele não deveria temer retaliação alguma na Europa. Deveria sim ter registrado queixa na polícia, contatado o Consulado Brasileiro e consultado um advogado especializado. Não há qualquer motivo para temer retaliação em nenhum aeroporto da Europa, exceto os da Espanha, e somente se levasse seu caso à frente. Solução neste caso, se fizesse, que não viajasse mais pelos aeroportos Espanhóis.
Comentário 2: Viajar por companhias aéreas que vendem passagens com preços mais baixos — as quais utilizam aeroportos com preços também mais baixos, e que por sua vez proporcionam um nível de serviços não muito elevados — geram mais desconfiança dos Oficiais de Imigração daquele aeroporto pois pode ser mais utilizada por quem deseja ir para ficar e trabalhar ilegalmente. Chegar na Espanha, vamos dizer ficticionalmente pela Air Nigéria ou Air USA, é fácil saber em quais passageiros os policiais irão se concentrar e, por já haver um “histórico”, o resultado é um grupo ser mais visado que outros.
Ponto #8
Comentário: É bastante estranha a declaração de que o músico Brasileiro tenha “sido obrigado” a assinar o boletim de ocorrência se ele mesmo disse que não registrou queixa e mais ainda porque foi ele quem achou o casaco, não a policial. Isso gera dúvidas sobre a veracidade do que o músico e sua familia informam. Talvez um vídeo no YouTube apareça e possa ajudar a esclarecer melhor. O vídeo do aeroporto certamente está lá com tudo registrado.
Ponto #9
Comentário: Não se falar a língua do país pode ser um grande problema, como neste caso. Mas existe solução: praticamente todo aeroporto internacional decente possui intérpretes e se seu vôo é de/para o Brasil, deve ter um funcionário que fale Português trabalhando. Peça por ele, no idioma local, ago que se inclui na preparação de sua viagem. Outra opção, mais difícil, é contatar o Consulado do Brasil naquela cidade ou país, mas não espere muito. Consulados do Brasil somente abrem para o público por poucas horas (2 ou 3 horas, no máximo) durante dias úteis (às sextas-feiras, nem precisa tentar, não vai encontrar ninguém para atender seu telefonema) e seus telefones são raríssimos de não estarem ocupados. Quem já tentou, sabe. Última tentativa, você pode pegar um táxi e ir até lá pessoalmente, durante o horário comercial, em dias úteis, apenas. Nem consulados nem embaixadas do Brasil funcionam 24 horas por dia.
Ponto #10
Comentário: Como se vê, a história do músico não está muito bem contada, existem muitos pontos nebulosos. Não se sabe exatamente o que aconteceu de verdade com o músico mas, infelizmente, com muitos outros Brasileiros no exterior esse é o padrão que acontece. Por estarem num outro país, numa “viagem internacional”, por terem “pago muito dinheiro”, se consideram “especiais” e os “melhores de todos”, acham que podem fazer tudo que fazem no Brasil, que todas suas vontades serão atendidas – imediata e exatamente – e que nada de ruim vai acontecer. Como estão errados.
Ponto #11 – Encerramento
Comentário: Muitos devem lembrar o ocorrido no início do ano passado no Brasil quando devido aos atrasos de vôos nos aeroportos de Galeão e Cumbica quando muitos passageiros, irritados com os atrasos, quebraram os balcões, invadiram aviões, bateram nos atendentes que não tinham nenhuma culpa e até mesmo brigaram com a polícia. Todos se achavam “especiais” porque estavam “viajando de avião”. Isso não é aceito no exterior civilizado, absolutamente, não.
Não é o que ocorre, mesmo. No exterior as leis são cumpridas, todos têm de respeitá-las. Em alguns locais os cidadãos e as autoridades locais são mais pacatos, ou menos, que em outros países, como na Espanha onde Espanhóis não são considerados tão educados e profissionais quanto na Austrália ou Canadá, por exemplo. Se isso tivesse acontecido nos USA, poderia ter sido muito pior e o passageiro até mesmo ter seu nome incluído no registro de pessoas consideradas de perigo ao vôo, e jamais conseguiria visto para os Estados Unidos de novo se fosse estrangeiro.
No exterior, nao existe “jeitinho Brasileiro”. Alguém pode até se dar bem uma vez ou outra mas em algum momento vai se deparar com a realidade de que leis são feitas para serem respeitadas, não o contrário. Neste momento, sofrerá as consequências. Somente assim se pode alcançar um mundo melhor para a maioria, não para alguns “espertos privilegiados”. Se não se respeitar as leis ou não se comportar da maneira adequada, não espere compaixão, nem da população nem das autoridades locais.
Por isso que um grande número de Brasileiros se envolve em tanta confusão lá fora e com tanta frequência.
Não é por causa de raça nem cor nem idioma, é por causa de comportamento.
Quem se comporta adequadamente – especialmente de acordo com a cultura e costumes de um outro país – e se prepara para um eventual contratempo, raramente vai se ver envolvido em algum tipo de dificuldade no exterior.
Veja a história completa que originou partes desta análise em
– Segurança no Intercâmbio – Brasileiro Agredido na Espanha
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– Intercâmbio na Espanha – Cursos de Espanhol
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